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Eu vos declaro marido e… não, pera aí

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(Fotomontagem: Lilian Vespa)

(Fotomontagem: Lilian Vespa)

Era a primeira vez que a garota iria sair pela cidade em busca de pauta. Desde o começo do ano, quando a professora disse que os alunos deveriam se aventurar pela cidade à procura de reportagens para o jornal laboratório, a menina esperava ansiosamente por esse momento. Os colegas diziam para ela não levar em consideração as histórias contadas pela professora, já que nem tudo era tão fácil como parecia ser. Mas ela nem dava ouvidos.

Ela e a amiga saltaram do ônibus prontas para desbravar o bairro escolhido. Depois de andar por alguns minutos e, sem saber ao certo onde estavam, encontraram um mercadinho.  Depois de conversar com os funcionários do estabelecimento, descobriram que o bairro ao qual deveriam ir ficava 20 minutos dali.

_ Não acredito. O motorista deixou a gente no lugar errado! Sem chance de eu ir andando até o bairro certo, disse a amiga, um tanto irritada.

Um bêbado, conhecido por todos os funcionários do mercado, entrou no estabelecimento e logo foi puxar papo com as meninas. Ele mal conseguia ficar de pé e as frases eram emboladas e confusas. Dizendo o português claro, ele estava pra lá de Bagdá.

Conversa vai, conversa vem. O bêbado que, ora segurava a mão de uma das meninas ora da outra, disse que era cantor. Até fez um convite para uma delas ir, qualquer dia desses, assisti-lo cantar.

_ Depois que eu me apresentar, a gente ainda pode tomar uma gelada, completou, em meio aos tropeços. Se você quiser, a gente também pode se casar. Você aceita casar comigo?

Se você não o ama, dá um pé na bunda dele e vai ser feliz

_ Xi… Ela não pode! Ela é casada e já tem filhos, completou a outra, que se segurava para não rir da cara assustada da amiga.

_ É verdade que você é casada, princesa?, perguntou, abismado.

_ Eu não. Na verdade sou noiva.

_ Mas se você aceitar casar comigo, eu te dou uma pia e um fogão, disse o bêbado, sorridente.

_ Desculpa, mas não posso. Meu noivo é ciumento.

Apesar de ter ouvido um não como resposta, o bêbado sentiu que tinha de dar um conselho para a garota.

_ Se você realmente ama o seu noivo, eu desejo toda a felicidade do mundo para vocês dois. Mas se você não o ama, dá um pé na bunda dele e vai ser feliz.


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